Peter Behrens e sua contribuição na AEG
- Hermana Rebouças
- 29 de nov. de 2017
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Peter Behrens, conhecido como o Pai do design industrial alemão, foi “fundador” da identidade corporativa e consequentemente o primeiro designer moderno, especialmente por desenvolver um trabalho de produtos eletroeletrônicos para a empresa Alemã - AEG.

Em 1907 a AEG contratou-o para projetar os produtos, a imagem corporativa, os catálogos promocionais de vendas e a arquitetura das fábricas da empresa. Esse fato foi o marco real da união entre o artista e a indústria, proposto pelo movimento Werkbund.
Behrens teve a oportunidade de realizar a sua idéia figurativa básica de experimentar a síntese entre a arte e a técnica. Essa obra significou a adoção, pela iniciativa privada, dos princípios políticos, éticos e morais enunciados pelo Werkbund. Segundo Meggs (2009, p. 303), “O trabalho de Behrens para a AEG tornou-se a primeira manifestações dos ideais de Werkbund, e ele foi por vezes chamado de “Sr. Werkbund”.”
Os proprietário da AEG confiaram a Peter Behrens a missão de realizar um projeto que fizesse com que a empresa alcançasse destaque e se diferenciasse dos concorrentes, no tocante a qualidade e estética dos seus produtos, bem como da imagem da empresa. Foi um projeto completo, integrado e realizado pela primeira vez por um profissional de design.
O design feito por Behrens na AEG envolveu todas as suas dimensões, como: projeto de uma moderna fábrica de turbinas, recriação do logótipo e toda a identidade corporativa da empresa, encarregou-se da gráfica publicitária e fez design de um extenso conjunto de produtos: ventiladores, lâmpadas, motorores, interruptores e utensílios como ventoinhas elétricas, chaleiras elétricas, candeeiros e outros.

Os aspectos decorativos cederam espaço aos aspectos técnicos e as limitações de montagem da linha de produção. Ao mesmo tempo, as características geométricas e a compactação racional proveu certa dose de confiabilidade, diferenciais marcantes do design alemão até os dias atuais.
Com relação à parte gráfica, Behrens extinguiu as figuras humanas predominantes nas marcas utilizadas na época, eliminou os motivos florais herdados do Art Nouveau e priorizou o uso de letras maiúsculas, desenvolvendo caracteres mais limpos e menos serifados.
Behrens projetou quatro logotipos que demonstram não só uma evolução do seu design como o crescimento da própria empresa. O primeiro pode se dizer que é uma simplificação do logo de Schwechten. Retirou os ornamentos floreados, tendo ficado só com as iniciais; a fonte usada refletia algo da época, curvilínea e fluída. O seu trabalho, despojado de decoração, é notável porque foi desenvolvido no momento da letra gótica, da Arte Nova e da decoração vitoriana; e porque abriu caminho para o Estilo Internacional Tipográfico.
O segundo logo foi projetado em 1908 e tem mais a ver com a forma do que com a escrita quando comparada com a primeira; é envolvido por uma elipse sugerida pela letra g. Respeita os princípios de simplicidade do designer, no entanto, foi usado apenas temporariamente.
Assim, foi na forma de células alveolares contendo as iniciais da empresa, representando a ordem matemática e a organização corporativa do século XX através da metáfora de abelhas (Meggs, 2009), que Behrens, no mesmo ano, projetou o mais famoso logotipo da AEG. Simboliza uma nova vida, energia, a longevidade da AEG e o poder do capitalismo. Embora estas explicações simbólicas possam ser necessárias para compreender a importância do logotipo, a ideia de criar um logotipo em si tem muito mais importância do que entender a identidade corporativa da AEG.

Na arquitetura, a contribuição de Behrens se deu com o projeto dos edifícios administrativos, dos complexos residenciais para funcionários da empresa e do parque industrial. Na parte interna das fábricas, o designer Behrens considerou os conceitos de produtividade, organização do centro de produção e o transporte dos produtos e das matérias primas. Outro fator observado foi uma incipiente preocupação com a ergonomia, afinal levava em consideração variados fatores do ponto de vista do conforto do trabalhador, bem como o nível de luminosidade dos postos de trabalho.
Conforme (Arnell, 1998), a missão de um designer em uma empresa sofreu profundas modificações desde que a AEG contratou Peter Behrens. Atualmente, somos rodeados de marcas facilmente reconhecíveis, mas a verdade é que, até ao aparecimento de Behrens, a produção industrial não trazia nada para além da funcionalidade. O mérito artístico e o sentido estético eram irrelevantes para a produção de bens em massa; havia, aliás, pouca harmonia entre forma e função. O designer estabeleceu então, pela primeira vez, o conceito de “identidade corporativa” como o elemento-chave básico da filosofia de uma empresa industrial e das suas marcas.
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