A síntese entre o neoclassicismo e a objetividade do senso comum
- Eriadne Teixeira do Nascimento
- 30 de out. de 2017
- 3 min de leitura
O mundo e o universo podem ser definidos como uma junção de objetos formados a partir das próprias formas, sejam elas irregulares ou não. As formas de modo geral estão em todos os lugares e em cada ambiente em que podemos imaginar, seja quando estamos em casa descansando e vendo algum programa na tv ou na sala de aula aprendendo novas coisas. Tudo a nossa volta é composto por formas e do mesmo modo que isso é verdade, também pode-se dizer que é certo afirmar que a busca pela interação entre forma e função existe há anos. O mundo vive em uma incessante busca pela síntese entre ambas.
Desde o começo do que poderia ser considerada a história do design, Peter Behrens pode ser tido como um grande exemplo pela busca por essa síntese, sendo famoso por influenciar o movimento moderno alemão que hoje conhecemos por desenho industrial.
"Havia um sentido de urgência na comunidade alemã de arte e design. Outro século se aproximava e a necessidade de criar formas para uma nova era parecia premente." (MEGGS, 2009 Pág. 300)
A reforma tipográfica para Peter Behrens foi um de seus primeiros e mais insistentes passos rumo a junção entre a forma e a função, e sua ideia dentro deste ramo era reduzir todo o floreando considerado desnecessário e tornar as formas mais universais, ideia muito em voga durante o surgimento do funcionalismo, conceito este sistematicamente desenvolvido na Escola de Ulm. Dentro desse conceito que ele usava na tipografia, essa ideia também estendia-se para o seu trabalho como design industrial.

Cartaz por Peter Behrens, formas inspiradas no grid de Lauweriks
Seu propósito era voltar aos princípios intelectuais fundamentais de todo trabalho de criação de formas, permitindo que tais princípios se enraizassem nos aspectos artisticamente espontâneos e suas leis internas de percepção, e não diretamente nos aspectos mecânicos do trabalho (MEGGS, 2009 Pág. 301).
Com essa ideia, Behrens não só usava as formas de maneira aleatória, mas analisava sua estrutura e explorava seus movimentos de funcionalidade para assim ter maior interação entre o que ela era e pra quê ela servia. Seus projetos como designer, principalmente no que diz respeito a AEG, sintetizavam os conceitos do Neoclassicismo e a Nova Objetividade.
"O neoclassicismo foi um movimento cultural nascido na Europa em meados do século XVIII, que teve larga influência na arte e cultura de todo o ocidente até meados do século XIX. Teve como base os ideais do iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica, advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos decorativistas e dramáticos do Barroco." (wikipédia)

Leo von Klenze, 1836: Ansicht der Walhalla bei Regensburg
"A Nova objetividade (em alemão Neue Sachlichkeit) foi um movimento artístico surgido na Alemanha a princípios da década de 1920 como reação ao expressionismo." (wikipédia)

Rudolf Dischinger: Elektro-Kocher, 1931
O seu neoclassicismo era perceptível pelo estudo cuidadoso da arte e do design, tendo assim a harmonia das proporções, já na nova objetividade era justamente seu pensamento voltado para a parte prática, tendo seus conceitos artísticos direcionados paras um objetivo e propósito.

Chaleira projetada por Peter Behrens, em 1909, com o corpo octogonal lembrando um telhado ou uma turbina.
Esses dois conceitos, em harmonia, orientaram Behrens em sua busca por formas de alcançar a Gesamkultur, ou seja, uma nova cultura universal num ambiente artificial e totalmente reformado (MEGGS, 2009 Pág. 302 e 303).
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